domingo, 6 de julho de 2014

Paraná

29º Dia - 14 Fev 2014 - Arapongas - Foz do Iguaçu/PR Hora de seguir viagem para Foz do Iguaçu, distante 500 km pois tinha passagem aérea comprada para o dia seguinte, devendo retornar a Roraima para resolver assuntos profissionais, interrompendo temporariamente minha viagem. Já percorri a BR 369 uma dezena de vezes na década de 80. Minha namorada, hoje esposa, morava em Arapongas e eu em Foz do Iguaçu. Algumas dessas viagens foram com minha XLX 250R ano 84. Uma senhora moto naquela época. Partida no pedal, muitas vezes deixava a canela roxa.
Chegando em Ubiratã, me lembrei de uma dessas viagens. Na época, esperava chegar na reserva de combustível na cidade para abastecer em um feriadão. Contudo, muito vento frontal dobrava o para-lama de plástico ao ponto de encostar (e gastar)a ponta dele no atrito com o pneu dianteiro. Uns cinco quilometros do posto em uma subida a moto "morreu", sinal de que acabara a gasolina, inclusive a reserva. Me lembrei que tinha passado por uma casa no inicio da subida e decidi voltar "no embalo" até lá. Empurrar a XL até o posto, nem pensar. Cheguei na casa onde tinha um Chevette bem detonado e estacionado sobre uma frondosa árvore. Perguntei ao morador se podia me vender uns dois ou três litros de gasolina e ele disse que tinha abastecido o carro um dia antes e que poderia me arrumar um litro. Mangueira e um balde na mão, lá fomos nós. Parece que o carrinho ficou com raiva e não queria liberar o combustível de jeito nenhum. Depois de algumas tentativas, pedi ao cidadão se de fato tinha combustível no veículo e ele confirmou que abastecera cinco litros no dia anterior. Cinco litros!! Como tirar gasolina de um tanque que já está vazio?? Depois de muito sacrifício e quase duas horas de tentativas, confesso que pensei em furar o tanque do Chevette para obter o precioso liquido. Consegui míseros 700 ml mas o suficiente para ligar a moto e seguir até o posto, onde com gosto mandei encher o tanque e comprei um recipiente de cinco litros, enchi e voltei até a casa para devolver "com juros" o empréstimo da gasolina. Nunca mais repeti o erro de rodar na reserva com aquela moto. Bem, voltando à atualidade, depois de presenciar um feio acidente, cheguei em Cascavel em pleno meio dia e mais uma vez com chuva.
Liguei para o Sandro Fadanelli do Cobras do Asfalto MC que gentilmente me convidou para almoçar em seu restaurante. Depois de duas horas de boa conversa e ótima comida, me despedi para seguir adiante. Afinal, faltavam 140 km pela BR 277. Alguns quilometros depois, já em Matelândia, não resisti e parei em um local que há muitos anos serve uma deliciosa salada de frutas com sorvetes. Conhecido como Castelletto, devido ao formato da construção de pedra, era um local que frequentávamos sempre que passávamos pela cidade há mais de vinte anos.
Pedi permissão e colei adesivos na porta de vidro que já tinha centenas de outros adesivos. Enquanto saboreava a salada de frutas, um grupo de sete motociclistas com BMW 1200 e Triumph 1200 chegaram ao local. Ficaram espantados em saber que eu vinha de Roraima. Trocamos figurinhas e disseram que estavam há quinze dias viajando e retornavam do Deserto do Atacama com destino a São Paulo. Na hora de pagar minha conta, resolvi brincar com a proprietária do estabelecimento. Disse-lhe que o preço da salada de frutas tinha aumentado muito desde a última vez que ali estivera e ela me informou que não reajustava o preço há dois anos. Eu, na maior cara de pau, disse que minha última visita tinha sido há vinte anos, arrancando aliviada risada dela. Ainda rindo, me despedi e toquei adiante para chegar na casa do Cerineu, meu irmão, em Foz do Iguaçu por volta das 16 horas com 12.100 quilometros rodados até o momento.
À noite jantamos em companhia da Tere, namorada dele. Deixei minha motocicleta na garagem dele e no dia seguinte retornei a Roraima para uma semana de descanso e matar a saudade da família e amigos.

São Paulo

26º Dia - 11 Fev 2014 - Taubaté a São Paulo Pernoitei na casa da mamãe em Taubaté e logo cedo fui conhecer uma das lojas de decoração de minha irmã na cidade, quando o Fazedor de Chuva Jacob me ligou (ele tinha deixado o celular na empresa no dia anterior, razão pela qual não conseguimos nos falar quando passei à noite por Guaratinguetá.
Disse que ia ao meu encontro e rapidinho chegou em Taubaté para botarmos o papo em dia. Boa viagem ao Alaska meu amigo. Almocei na casa do meu irmão Giovani e segui viagem para a capital paulista, me dirigindo para o bairro Morumbi para as fotos em frente do Palácio Bandeirantes, sede do governo estadual.
Com trânsito intenso cheguei ao local (santo GPS) onde observei vários carros entrando pelo portão. Não me fiz de rogado e entrei junto, tendo sido barrado por um PM logo depois de ter entrado. Disse-lhe que só ia tirar umas fotos mas não me autorizaram entrar e o jeito foi fotografar em frente ao portão 2 de visitantes. Aproveitei para ligar para o FC Josemir que não demorou a chegar até onde eu o aguardava e de lá seguimos para Guarulhos onde me hospedou em sua casa. Como era quarta-feira, à noite, fomos até o Churrasquinho do Mú, point de encontro de motociclistas e onde tive a alegria de conhecer o Beto Sampa e outros motociclistas.
Beto é um dos fundadores e coordena a AME-BR (Apoio ao Motociclista Estradeiro - Brasil), uma associação informal que conta hoje com mais de 18 mil integrantes no Brasil e exterior. Este grupo, do qual faço parte como representante estadual em Roraima, tem como principal objetivo dar suporte e apoio a todo motociclista viajante, independentemente de qual moto esteja utilizando. E quem viaja de moto mundo afora sabe da importância de receber apoio nas cidades por onde passa. Eu posso afirmar isso com convicção pois sempre ajudo de alguma forma motociclistas que passam pela minha cidade e, durante minha expedição pude contar com o apoio de muitos representantes da AME-BR em várias cidades brasileiras. Depois de um bom bate papo com a turma era hora de me recolher. 27º Dia - 12 Fev 2014 - Guarulhos/SP a Arapongas/PR Me despedi da Vânia, esposa do Josemir e este me acompanhou até a saída da cidade.
O trecho agora seria pela rápida Castello Branco ou SP 280 e não perdi tempo. Chegando em Ourinhos fui recebido com uma fina e contínua chuva que não atrapalhou a viagem.
Já na entrada do Paraná, comecei a pagar salgado pedágio, fato que se repete por todas rodovias pedagiadas por aqui. Por volta das 15h cheguei na cidade de Arapongas (onde todas as ruas tem nomes de pássaros) para visitar a cunhada Nádia, a sogra Ilva e os sobrinhos Mateus e Natália. Depois de botar o papo em dia regado à cerveja até dormir exausto, acumulando 11.520 km rodados até hoje nesta expedição.