quinta-feira, 19 de junho de 2014

Rio de Janeiro

Neste 24º dia de viagem, deixei o Estado do Espírito Santo e ingressei no RJ pela BR 101. Percebi que a corrente da moto apresentava folga excessiva apesar do reaperto quando da minha passagem por Palmas no Tocantins. Decidi parar no primeiro posto para verificar e reapertá-la novamente. Alguns minutos depois avistei um posto BR na margem direita da rodovia próximo ao Morro do Côco e reduzi a velocidade para entrar. Ao deixar o asfalto, senti a imediata falta de tração na moto quando a mesma começou a rodar no piso irregular de paralelepípedos. Numa fração de segundos a roda traseira travou e arrastei o pneu por uns cinco metros.
Desci da moto e para minha surpresa constatei que a corrente tinha saltado da coroa e ficou presa entre a roda e a balança, quase me levando ao chão. Com a ajuda de um jovem que trabalhava em uma loja no local, arrastamos a moto até uma área com sombra. A corrente da BMW G650 GS não tem emendas o que dificultou muito o serviço. O desgaste do kit de transmissão ainda original era visível com seus 23 mil quilometros rodados. Após retirar a roda traseira, constatei que a corrente tinha "entortado" quando ficou presa. Com paciência e usando duas alicates, desentortei a corrente e recoloquei no lugar, fazendo os ajustes necessários. Depois, umas voltinhas pelo pátio ouvindo o "clec clec da corrente e conclui que dava para seguir viagem para o Rio. Os primeiros quilometros foram de preocupação pois a todo instante relembrava do travamento da roda. Se isso acontecesse a mais de 100 km/h na rodovia.....Não queria pensar, mas era impossível. Ainda assim, por falta de opção, continuei a viagem e cheguei a Niterói já escuro, tendo passado sobre a ponte Rio-Niterói com um forte vento o que impediu tirar fotos do local. Já passei sobre ela algumas vezes mas confesso que não me sinto confortável quando passo sobre esta ponte imensa, principalmente, pilotando uma motocicleta à noite e com forte vento lateral. Como já conhecia o Rio, onde morei dois anos, imediatamente tomei o rumo da Ilha do Governador pois não me agrada rodar à noite nesta cidade. Cheguei na Ilha e parei em um posto Shell para reabastecimento onde tentei contato com o CFC Formigão, motociclista Fazedor de Chuva que conheci em Roraima quando ele, Omena e Alano de Maceió/AL e Walter de Rolandia/PR chegaram a Boa Vista cumprindo o desafio Cardeal Fazedor de Chuva (visitar de moto os quatro pontos extremos do Brasil)e O Bandeirante Fazedor de Chuva (visitar as 27 capitais) depois de terem enfrentado com sucesso a Transamazônica de "cabo a rabo" em cima de uma motocicleta. Enquanto tentava o contato via celular, fiquei batendo pago com algumas pessoas no posto que estavam admirados em ver um motociclista de Roraima ali na Ilha. Um deles ligou para um amigo que conhecia o Formigão SFA e deu o endereço do mesmo. Logo depois ele, de carro, se prontificou a ir buscá-lo. Ajuda providencial e só possível graças a este fascínio que exerce o motociclismo. Poucos minutos depois ele voltou acompanhado do Formigão em sua Suzuki Boulevard. Cumprimentos e agradecimentos e logo depois já estava hospedado na casa do Formigão SFA e da Nilmara, degustando uma geladíssima cerveja para tirar a poeira da garganta.
25º dia - 10 Fev 2014 - Rio de Janeiro/RJ - Taubaté/SP Meu cicerone no Rio foi nota dez. Saímos da Ilha para as fotos em frente do Palácio Guanabara no bairro Laranjeiras. Quando estacionamos em frente , um soldado da PM disse que não podíamos ficar ali. Rapidinho, tiramos duas fotos e vazamos. Não quero encrenca com ninguém nesta viajem.
Seguimos para uma loja onde um mal humorado proprietário nos atendeu e comprei um pneu traseiro e troquei o que já estava "quadrado" depois de rodar quase 24 mil km desde quando comprei a moto em setembro de 2013.
A procura pelo kit de transmissão em várias lojas foi inútil. O jeito era "morrer" com um kit original e lá fomos nós para a concessionária BMW na Barra da Tijuca. Dei entrada na oficina e o atendente do balcão de peças disse que não tinha a coroa, pinhão e corrente e só a teria alguns dias depois de encomendar.
Argumentei que estava viajando há quase trinta dias e não tinha como continuar a viagem com o kit naquelas condições. Ao saber que eu estava em trânsito, rapidinho conseguiu um kit que, ao que parece, estava reservado para estas emergências. Depois de pagar salgados R$ 1.370,00 pelas peças. Além disso, seriam necessárias três horas de serviço pois como a corrente não tem emendas, para trocá-la, é necessário retirar a roda traseira e também a balança, dando uma trabalheira danada e que custou mais R$ 500,00 de mão-de-obra. Enquanto a corrente era substituída, eu e o Formigão fomos almoçar e tomar mais uma cervejinha em um restaurante próximo do local e frequentado por artistas globais. Wolf Maia estava lá com uma trupe de jovens artistas. Eram quase 17 horas quando o moto foi liberada e dispensei a lavagem, mesmo sabendo que ela estava muito sua. Até aqui, a lavei apenas três vezes, uma em Paramaribo no Suriname, depois do rally pelo barro da Guiana, e depois em Macapá e Brasília. Além disso, tinha prometido chegar na casa da minha mãe em Taubaté/SP ainda naquele dia. O Formigão SFA, em sua Teneré, me acompanhou até a saída da cidade onde tomei a BR 116 ou Via Dutra, movimentadíssima naquele horário. A propósito, SFA significa Sítio do Formigão Amarelo, uma alusão ao Sítio do Picapau Amarelo, pois o local onde o Formigão mora há muitos anos era quase isso. Obrigado Formigão e Nilmara pela hospitalidade. Espero revê-los em breve.
Voltando a Via Dutra, centenas de motocicletas usavam os "corredores" entre os veículos para avançar em alta velocidade. Para ganhar tempo, resolvi seguí-los, apesar do receio de enroscar os baús laterais em algum veículo. Passava das 21 horas (olha eu rodando à noite, de novo) quando cheguei em Guaratinguetá/SP. Tinha combinado com o FC Jacob Bussman que passaria pela cidade para lhe dar um abraço e desejar pessoalmente uma boa viagem, já que nos próximos dias ele partiria para o Alaska. De moto, é claro! Parei na cidade e tive que colocar crédito no celular para só depois ligar a ele. Não consegui falar com ele e resolvi seguir minha viagem pois Taubaté estava bem próximo e lá cheguei por volta das 22h15min para um churrasco na casa da mamãe junto com meus irmãos Giovane, Jonne, Dani e Sônia, além de outros parentes. Acumulo até o momento, 10.860 quilômetros nesta expedição.

Espírito Santo

24º dia - 09 Fev 2014 O dia amanheceu preguiçoso na Serra do Caparaó e a preguiça me segurou na cama por mais alguns minutos nesta segunda-feira.
Contudo, o dever chama e é hora de seguir viagem epois de uma café reforçado com pão com salame, uma iguaria bastante popular na região. Continuei descendo a serra pela BR 262 com destino à Vitória. Nos morros, grandes plantações de café.
Abre Campo, Matipó, Manhaçu, Ibatiba foram algumas das cidades por onde passei até chegar à capital capixaba.
Não foi difícil localizar o Palácio Domingos Martino na Praça João Climaco, em frente ao porto. Como havia trânsito intenso, tanto de pedestre quanto de veículos, subi rapidamente em uma rampa em frente ao palácio sede do governo para as tradicionais fotos que comprovassem minha passagem pela cidade.
Pouco tempo depois já estava dando uma volta pela cidade antes de seguir para Vila Velha e tomar a pedagiada ES 060 ou Rota do Sol até próximo de Guarapari onde retomei a BR 101 para o Rio de Janeiro.