sábado, 22 de fevereiro de 2014

Amapá

Dando continuidade à Expedição "Um abraço na América do Sul" que tem por objetivo percorrer todos os países da América do Sul além de 20 capitais brasileiras (onde ainda não estive rodando de moto) visando cumprir o desafio Bandeirante Fazedor de Chuva (veja mais detalhes no post falando do desafio).
Cheguei ao Oiapoque, Estado do Amapá, depois de sair de Roraima e avançar sobre a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa. Hoje é dia 23 de janeiro, o sétimo dia da expedição. Então, depois das peripécias para fazer a travessia do Rio Oiapoque sobre uma pequena embarcação,cheguei ao Município do Oiapoque que, até pouco tempo atrás, era reconhecido como o ponto mais setentrional do Brasil. Esse erro geográfico foi corrigido e Oiapoque perdeu o título para o Monte Caburaí, em Roraima, localizado 83 km mais ao norte do país. Apesar disso, Oiapoque ainda mantém o monumento. Do mesmo modo, muitos brasileiros ainda desconhecem o novo ponto extremo e continuam usando a expressão "Do Oiapoque ao Chui", quando o correto agora é "Do Caburaí ao Chui" que até rima melhor. Ok, mas não vamos brigar por isso. Era quase 13 horas e tratei de abastecer o estômago e a moto enquanto observava as nuvens carregadas, torcendo para que a estrada fosse do outro lado. Pedi à algumas pessoas quantos quilometros de estrada de terra eu teria pela frente mas as informações eram desencontradas. Uns falavam em 130, outros 110 e um até citou 160 quilometros. Deixa prá lá. Vou verificar in loco. Saí de Oiapoque quase duas da tarde e rodei cerca de quarenta quilometros quando acabou o asfalto. Zerei o hodômetro para aferir a distância que percorreria sobre a terra. E ai, meus amigos, lá veio ela, minha companheira de quase todos os dias, a chuva.
Rodei cerca de três horas debaixo da chuva e na lama de novo. Quando cheguei no asfalto do outro lado, conferi a quilometragem. Exatos 113 km sem asfalto. Dona Dilma, tenha dó. Deixa de mandar dinheiro pra Cuba e vamos investir no Brasil. Os brasileiros agradecem. Ainda com o asfalto à vista, vi um veículo vindo em sentido contrário e, maldosamente, disse para mim mesmo: Agora a lama é contigo!
Na verdade foi uma forma de comemorar mais este feito. Consegui atravessar 460 km de terra na Guiana e 113 no Amapá, onde 400 deles foram debaixo de chuva. Nenhum incidente, nenhum tombo, graças ao meu companheiro de viagem, o Cara lá de cima. Agora sim, no asfalto, vou andar mais depressa. Passei pela entrada de Calçoene onde reabasteci a moto e rodei até a noitinha quando, cansado, decidi dormir em uma pousada no município de Tartarugalzinho.
8º Dia - 24 Jan 2014 - Tartarugalzinho/AP - Macapá/AP Acordei cedo, tomei café e constatei que o tempo estava bom. Não me demorei e logo peguei a rodovia BR 156 com asfalto novo e bem sinalizada.[
Ao longo, muitas plantações de pinus e eucalipto para atender a fábrica de celulose do Projeto Jari. Uma pequena hidroelétrica está sendo construida em Porto Ferreira para suprir energia elétrica ao Estado do Amapá. A viagem correu tranquila até uns 40 quilometros antes de Macapá, quando voltou a chover.
Logo depois vi uma patrulha da PRF atendendo uma ocorrência na estrada. Um veículo estava capotado a cerca de 30 metros da pista. Segui viagem e só mais tarde descobri que o motorista daquele veículo, embriagado e em alta velocidade invadiu a pista contrária e bateu de frente em uma moto. Infelizmente o motociclista morreu no local e a acompanhante logo depois no hospital. Procurei o cunhado Carlos no Aeroporto tão logo cheguei a Macapá e logo depois estava hospedado na casa dele e da Nancy, irmã da minha esposa. 9º Dia - 25 Jan 2014 - Macapá/AP No dia seguinte dei um giro pela cidade que já conheço há alguns anos, tirei algumas fotos e dei entrevista para o um Jornal local.
À tarde, aproveitei para lavar a moto e assistir o jogo do Verdão pela TV. 10º Dia - 26 Jan 2014 - Macapá/AP - Belém/PA No dia seguinte era hora de partir rumo a Belém. Em companhia do Carlos, me dirigi ao Porto de Santana para carregar a moto no navio que me levaria até a capital paraense. No caminho, passamos no monumento do Marco Zero, linha do Equador de divide Macapá, metade no hemisfério sul e a outra metade no hemisfério norte. Mais fotos para lembrar sempre.
No porto, navio Anne Karollinne já estava atracado. Comprei a passagem para mim e a moto. Ao todo, o custo foi de R$ 500,00 em "suite" com ar condicionado. Na verdade a tal suíte é um pequeno quarto com um beliche, banheiro privativo e ar condicionado. Muito melhor do que a classe econômica, ou redário, onde todos viajam em redes, armadas uma ao lado da outra e sem nenhuma privacidade. Já viagei assim de Humaitá para Manaus e confesso que não gostei. Carreguei a moto e a previsão de sair as 10h furou. O navio estava com problemas no timão e estavam esperando uma peça chegar. Resultado, duas horas de atraso na saída.
Finalmente é hora de partir. Muito obrigado aos cunhados Carlos e Nancy e ao sobrinho Fabrício pela acolhida em Macapá. Em dez dias de viagem acumulo 2.450 km de estrada e 2h30min navegando sobre os rios da região. Atrasado, o navio partiu deixando a ilha de Marajó a esquerda, rumo a Belém até avistar a cidade do dia seguinte.

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