sábado, 22 de fevereiro de 2014

Piauí

Fui recebido no Piauí com uma chuva muito intensa. Ainda assim, por volta das 19h liguei para o Edimar, meu contato AME-BR no Piauí que rapidamente foi me receber na entrada da capital e me hospedou em sua casa. Mais tarde saímos para jantar e trocar informações do mundo motociclistico já que ele é outro estradeiro e trabalha com vendas de motos há mais de trinta anos.
14º Dia - 30 Jan 2014 - Teresina/PI - Fortaleza/CE Na manhã do dia seguinte, como de praxe fui tirar as fotos em frente do Palácio Karnak, sede do governo Piauí. Depois de um rápido passeio pela capital, o Edimar me acompanhou até a saída da cidade. Obrigado amigo e à esposa Rose pela acolhida. Estou devendo.
A viagem para o Ceará foi de contemplação. O trecho entre Teresina e Fortaleza foi percorrido inicialmente pela BR 343 via Altos, Campo Maior e Piripiri.
Próximo à Campo Maior, um Memorial construido sobre a rodovia lembra que ali, às margens do Rio Jenipapo ocorreu a Batalha do Jenipapo, quando homens precariamente armados em 1823 lutaram em defesa da pátria, pois, mesmo com a proclamação da independência, D. João VI, rei de Portugal, queria manter o norte do Brasil sob o jugo português. Esta batalha, que muitos afirmam ter sido a mais violenta e sangrenta, foi decisiva para manter o território brasileiro unificado após a independência. Mesmo com esta importância, não me lembro de ter estudado sobre o assunto em minha época de escola.
A aridez do sertão nordestino começa a aparecer na vegetação seca e retorcida.
É muito comum ao longo da rodovia, observar animais, principalmente jegues e bodes soltos. Um perigo para motociclistas! Aqui e acolá, uma carcaça de animal, mostra a necessidade de estar sempre atento. A divisa do Piauí com Ceará surge à frente, 230 km depois de deixar Teresina pela BR 343.

Maranhão

Saí de Belém ontem de manhã, tendo chegado ao porto de Cujupe, já no Maranhão por volta das 17h30min. Comprei o ticket a R$ 25,00 e tomei o ferry das 19h20 para fazer a travessia até São Luiz, onde cheguei uma hora depois. tendo sido gentilmente recebido na casa da Rita e do Junior do Brothers MC. 13º Dia - 29 Jan 2014 - São Luiz/MA - Teresina/PI Acordei e tomei o café em companhia dos novos amigos.
Logo depois o Bbzão e o Alciram foram meus cicerones pela ilha, quando visitamos o centro histórico e o Palácio dos Leões, sede do governo estadual (Roseana Sarney não estava ehehehe). Claro que não deixei de provar o Guaraná Jesus.
Com as pastilhas de freio traseiras "no osso" fomos até uma oficina para troca. Descobri que as pastilhas da CB 500 e da XT 660 são idênticas e mais baratas. Então... troque ai seu moço.
Ainda deu tempo para um rápido almoço com o Bbzão e o Junior. Logo depois peguei a estrada rumo ao Piauí.
Chegando em Caxias, ainda no Maranhão, desabou o mundo. Nunca tomei uma chuva tão forte andando de moto. Como consequencia, tive que parar na beira da rodovia e aguardar a diminuição da chuva para só então poder seguir viagem até Teresina, acumulando até o momento 3.450 km.

Pará

1lº Dia - 27 Jan 2014 - Belém/PA Embarquei ontem no navio Anne Karolinne em Macapá e depois de 26 horas navegando, avistamos Belém, capital paraense por volta da 13 horas.
Atracamos nas Docas depois de alguma dificuldade para manobrar o navio em razão da maré baixa. Os passageiros desceram rapidamente mas o desnível do piso do navio com o caís era de mais de dois metros e não tinha como descarregar a moto e um veículo que estavam a bordo. O comandante informou que iria para outro porto e lá fomos nós, navegar um pouco mais. Meia hora depois, já no outro porto, constatamos que não havia outra forma senão esperar a maré subir para descarregar a moto. Nesse meio tempo fiz contato como Breno Highlanders, representante da AME-BR no Estado que prontamente foi até o porto. Ali ficamos até 18 horas quando foi possível retirar a moto do navio. Em seguida fizemos contato com o Alex Menezes, suporte Brazil Riders que me hospedou em sua casa. Já noite, saímos para jantar em companhia de motociclistas integrantes do Pará Moto Clube. Durante o bate papo, descobri que a Fabiane, esposa do Alex, era filha do Esmeraldo, motociclista de Volta Redonda no Rio de Janeiro a quem tive o prazer de conhecer em Roraima há cerca de cinco anos. Coisas do motociclismo! Alex e Fabiane são duas pessoas fora de série. Integram o Moto Grupo Expedicionários da Amazônia, realizam trabalhos filantrópicos e recebem em sua casa muitos motociclistas e pessoas de outros países que vêm ao Brasil ajudar pessoas carentes. Belo trabalho amigos!! 12º Dia - 28 Jan 2014 - Belém/PA - São Luiz/MA Logo cedo o Alex me acompanhou até o Palácio dos Despachos, sede do governo estadual para algumas fotos e nos despedimos.
Segui minha viagem para rodar 580 km até Cujupe, porto já no Maranhão para tomar o ferry com destino a São Luiz.
Cheguei no porto as 17h30min e o ferry tinha partido vinte minutos antes. O jeito foi esperar pelo ferry que partiria as 19h20 min. Enquanto isso, para saciar a fome, ataquei o milharal. E olhe que se os caranguejos estivessem na panela.....
Já embarcado, navegamos durante uma hora até chegar à capital maranhense.
No porto, já me esperavam o Bbzão do Garotos do Asfalto MC e o Alciram dos Temidos MC. Depois dos cumprimentos fomos jantar em companhia do Junior do Brothers MC e o JJ. Mais uma vez conto com a ajuda de irmãos motociclistas e pernoitei na casa do Junior e da Rita. Obrigado amigos pela hospitalidade. Quilometragem acumulada até o momento: 3.030 km e 30 horas de navegação.

Amapá

Dando continuidade à Expedição "Um abraço na América do Sul" que tem por objetivo percorrer todos os países da América do Sul além de 20 capitais brasileiras (onde ainda não estive rodando de moto) visando cumprir o desafio Bandeirante Fazedor de Chuva (veja mais detalhes no post falando do desafio).
Cheguei ao Oiapoque, Estado do Amapá, depois de sair de Roraima e avançar sobre a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa. Hoje é dia 23 de janeiro, o sétimo dia da expedição. Então, depois das peripécias para fazer a travessia do Rio Oiapoque sobre uma pequena embarcação,cheguei ao Município do Oiapoque que, até pouco tempo atrás, era reconhecido como o ponto mais setentrional do Brasil. Esse erro geográfico foi corrigido e Oiapoque perdeu o título para o Monte Caburaí, em Roraima, localizado 83 km mais ao norte do país. Apesar disso, Oiapoque ainda mantém o monumento. Do mesmo modo, muitos brasileiros ainda desconhecem o novo ponto extremo e continuam usando a expressão "Do Oiapoque ao Chui", quando o correto agora é "Do Caburaí ao Chui" que até rima melhor. Ok, mas não vamos brigar por isso. Era quase 13 horas e tratei de abastecer o estômago e a moto enquanto observava as nuvens carregadas, torcendo para que a estrada fosse do outro lado. Pedi à algumas pessoas quantos quilometros de estrada de terra eu teria pela frente mas as informações eram desencontradas. Uns falavam em 130, outros 110 e um até citou 160 quilometros. Deixa prá lá. Vou verificar in loco. Saí de Oiapoque quase duas da tarde e rodei cerca de quarenta quilometros quando acabou o asfalto. Zerei o hodômetro para aferir a distância que percorreria sobre a terra. E ai, meus amigos, lá veio ela, minha companheira de quase todos os dias, a chuva.
Rodei cerca de três horas debaixo da chuva e na lama de novo. Quando cheguei no asfalto do outro lado, conferi a quilometragem. Exatos 113 km sem asfalto. Dona Dilma, tenha dó. Deixa de mandar dinheiro pra Cuba e vamos investir no Brasil. Os brasileiros agradecem. Ainda com o asfalto à vista, vi um veículo vindo em sentido contrário e, maldosamente, disse para mim mesmo: Agora a lama é contigo!
Na verdade foi uma forma de comemorar mais este feito. Consegui atravessar 460 km de terra na Guiana e 113 no Amapá, onde 400 deles foram debaixo de chuva. Nenhum incidente, nenhum tombo, graças ao meu companheiro de viagem, o Cara lá de cima. Agora sim, no asfalto, vou andar mais depressa. Passei pela entrada de Calçoene onde reabasteci a moto e rodei até a noitinha quando, cansado, decidi dormir em uma pousada no município de Tartarugalzinho.
8º Dia - 24 Jan 2014 - Tartarugalzinho/AP - Macapá/AP Acordei cedo, tomei café e constatei que o tempo estava bom. Não me demorei e logo peguei a rodovia BR 156 com asfalto novo e bem sinalizada.[
Ao longo, muitas plantações de pinus e eucalipto para atender a fábrica de celulose do Projeto Jari. Uma pequena hidroelétrica está sendo construida em Porto Ferreira para suprir energia elétrica ao Estado do Amapá. A viagem correu tranquila até uns 40 quilometros antes de Macapá, quando voltou a chover.
Logo depois vi uma patrulha da PRF atendendo uma ocorrência na estrada. Um veículo estava capotado a cerca de 30 metros da pista. Segui viagem e só mais tarde descobri que o motorista daquele veículo, embriagado e em alta velocidade invadiu a pista contrária e bateu de frente em uma moto. Infelizmente o motociclista morreu no local e a acompanhante logo depois no hospital. Procurei o cunhado Carlos no Aeroporto tão logo cheguei a Macapá e logo depois estava hospedado na casa dele e da Nancy, irmã da minha esposa. 9º Dia - 25 Jan 2014 - Macapá/AP No dia seguinte dei um giro pela cidade que já conheço há alguns anos, tirei algumas fotos e dei entrevista para o um Jornal local.
À tarde, aproveitei para lavar a moto e assistir o jogo do Verdão pela TV. 10º Dia - 26 Jan 2014 - Macapá/AP - Belém/PA No dia seguinte era hora de partir rumo a Belém. Em companhia do Carlos, me dirigi ao Porto de Santana para carregar a moto no navio que me levaria até a capital paraense. No caminho, passamos no monumento do Marco Zero, linha do Equador de divide Macapá, metade no hemisfério sul e a outra metade no hemisfério norte. Mais fotos para lembrar sempre.
No porto, navio Anne Karollinne já estava atracado. Comprei a passagem para mim e a moto. Ao todo, o custo foi de R$ 500,00 em "suite" com ar condicionado. Na verdade a tal suíte é um pequeno quarto com um beliche, banheiro privativo e ar condicionado. Muito melhor do que a classe econômica, ou redário, onde todos viajam em redes, armadas uma ao lado da outra e sem nenhuma privacidade. Já viagei assim de Humaitá para Manaus e confesso que não gostei. Carreguei a moto e a previsão de sair as 10h furou. O navio estava com problemas no timão e estavam esperando uma peça chegar. Resultado, duas horas de atraso na saída.
Finalmente é hora de partir. Muito obrigado aos cunhados Carlos e Nancy e ao sobrinho Fabrício pela acolhida em Macapá. Em dez dias de viagem acumulo 2.450 km de estrada e 2h30min navegando sobre os rios da região. Atrasado, o navio partiu deixando a ilha de Marajó a esquerda, rumo a Belém até avistar a cidade do dia seguinte.